Um mês depois de o homem pisar na Lua, aconteceu na fazenda de leite alugada de Max Yasgur, em Bethel (com 2.300 habitantes, não comportava o evento), NY, costa leste dos EUA, o Woodstock Music & Art Festival, o Festival de Música e Arte de Woodstock, entre os dias 15 e 17 de agosto (6ª a domingo)de 1969 e completa 40 anos nesse ano de 2009.
Foram 3 dias (muita gente permaneceu acampada depois do evento. E consta que Jimi Hendrix tocou às 9 hs da manhã de 2ª feira, dia 18) de sexo livre, drogas, rock’n'roll, cenas de nudismo, confrontando todas as regras do stablishment. Pode ser considerado o auge da contracultura e da era hippie, culminando com o fim da década, que se tornava difícil e confusa. Em 21 de agosto, os tanques soviéticos invadem Praga para reprimir protestos de aniversário da invasão de 1968. A guerra do Vietnã em escalada, o assassinato de Sharon Tate pela família Manson, eram eventos emblemáticos desse tempo. Década de extremos. O Festival de Woodstock foi projetado para 50.000 pessoas, chegaram 500.000 jovens,daí o caos nas rodovias (os 160 km de estrada que liga Nova York a Bethel eram percorridos em mais de 8 hs, com gente abandonando seus carros nos acostamentos (?) e seguindo a pé) e na infra geral de produção, como alimentação e toaletes, compensados pela constelação de artistas que se apresentaram e pelo espírito de confraternização e da filosofia de paz e amor.
Mesmo com a chuva que caiu no 2º dia, o que se viu foi tudo se transformar em brincadeira, todo mundo escorregando na lama, batucando com o que encontravam pela frente. Não houve pânico nem violência. Muitas mães levaram suas crianças ao festival.
Cidades da região cooperaram com doações de frutas, sanduíches e enlatados. Todos os espaços da fazenda foram tomados. A cobertura médica teve a participação de 70 médicos e 36 enfermeiras, que realizaram mais de 6.000 atendimentos, sendo que os casos mais graves eram levados de helicópteros para os hospitais. Morreram 3 pessoas, sendo 1 caso de overdose de heroína, 1 atropelamento por trator e 1 por crise aguda de apendicite. Houve também o nascimento de 2 crianças. 600 homens cuidaram do policiamento, entre seguranças contratados e policiais voluntários, que diante de tal situação, tiveram que fechar os olhos para os excessos de consumo de drogas e sexo livre.
Quem abriu o Festival foi Richie Havens com seu violão de 12 cordas. Foi tocando até não ter mais músicas, então resolveu improvisar sobre uma música chamada “Motherless Child”, acrescentando a palavra ‘freedon’ e repedindo-a à exaustão, criou a empolgante “Freedon”, como ficou conhecida a canção, e sua performance foi incluida no álbum e no filme oficiais do festival. A produção tentou levar John Lennon, Bob Dylan, The Doors, Led Zeppelin e Frank Zappa, mas não conseguiu. Apresentaram-se Jimi Hendrix, Janis Joplin, Santana, The Who, Joan Baez, Joe Cocker,
Jefferson Airplane (acima), The Band, 10 Years After, Country Joe & The Fish, John Sebastian, Tim Hardin, Ravi Shankar, Arlo Guthrie, Canned Heat, Sly & The Family Stone, Grateful Dead, Creedence Clearwater Revival, Crosby, Still, Nash & Young, Sha-Na-Na, Paul Butterfield Band e outros. O Festival de Woodstock foi o estopim para que nos anos 70 houvesse uma explosão de reinvindicações de minorias étnicas e sexuais, de forma jamais imaginada pela sociedade norte-americana. Revoluções comportamentais, sexo alternativo (com respaldo das pílulas anticoncepcionais). O evento foi tranformado em documentário inovador (aparição simultânea de vários quadros na tela) por Michael Wadleigh. Foi lançado em 1970 e ganhou Oscar de “Melhor Documentário” de 1971. O desbunde de Woodstock é pura contestação e ativismo. Cito Tom Wolf mais uma vez nesse blog, que chamou a década de 60 de ”We Decade” e a década seguinte de “Me Decade”, para concluir que finalizava ali em Woodstock uma era de experimentações e força criativa para dar lugar a uma egotrip voltada para a ascensão profissional e social e o rock sendo controlado pelo mercado. Quando Lennon disse “Dream is Over”, referia-se a isso. Embora exista uma discussão entre aqueles que afirmam que 1968 e eventos como os festivais e o Movimento Hippie não tenham contribuido para mudanças duradouras, digo apenas que ainda hoje, de alguma forma vivenciamos as mudanças ocorridas nesse tempo (v. post Hippies), inclusive para o fim da guerra do Vietnã e suas consequências positivas e também em relação aos direitos civis e minorias étnicas e sexuais, que se organizaram e foram à luta por seus direitos.
Grandes performances aconteceram. Talvez, o ponto máximo tenha sido quando Jimi Hendrix tocou o hino americano com sua guitarra imitando sons de bombas e aviões e transformando sua performance num gesto ritualístico, ao botar fogo em sua guitarra.
Um museu foi criado no local onde aconteceu o festival. O Museu de Bethel Woods, inaugurado em junho de 2008.
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