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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Projeto 'Rock Rural' faz releitura do folk brasileiro

Longe de aportar numa casa no campo, o gênero eternizado na letra do clássico de Zé Rodrix e Tavito no auge do movimento hippie, será celebrado por artistas de diferentes gerações no Centro do Rio, a partir desta terça-feira, durante o projeto Rock Rural, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Foi depois do sucesso da canção Casa no Campo na voz de Elis Regina que tudo o que tivesse violões e violas e tema voltado à natureza ganhava o rótulo, que procurava classificar um 'folk à brasileira'.

"Não dá nem para negar esta classificação, é mais forte do que nós", assume Luis Sá, do trio Sá, Rodrix & Guarabyra, maior expoente do estilo e principal atração do projeto, que acontece toda terça-feira, até o dia 5 de maio. "Quem vê de fora pode até pensar que somos limitados pelo rótulo, mas acho que quem melhor definiu nosso som foi o jornalista Julio Hungria, no Jornal do Brasil nos anos 70: 'caipiras progresivos'", explica.

Folk renovado
A sonoridade acústica e o termo folk têm voltado à baila graças a novos artistas, como Mallu Magalhães e Vanguart, que se dizem influenciados por Bob Dylan e outros artistas do gênero.

"Tem muita gente nova aí que não sabe onde o galo cantou e levanta essa bandeira", dispara o veterano cantor e compositor Zé Geraldo, que também se apresenta no projeto. "Pelo menos o fato de estarem achando que estão fazendo esse tipo de som acaba remetendo a mim ou a meus contemporâneos", justifica.

Completam a programação o grupo Matuto Moderno, que mistura a viola com guitarras distorcidas à Jimi Hendrix; o violeiro carioca radicado em Campo Grande (MS) Paulo Simões; Zé Helder, que coloca pitadas de jazz na música regional; e Ivan Vilela, doutor e pesquisador da viola caipira.

"Quando produzi no CCBB a série Viola Turbinada, com novas bandas do gênero, notei que havia um público interessado", conta o curador do Rock Rural Ricardo Vignini, que também é violeiro e integrante do Matuto Moderno, que abre o evento. "A idéia é abordar a trajetória da música caipira desde os sertões rurais aos centros urbanos, onde esta música foi reprocessada e recriada".

Discos de inéditas e coletânea em 2009
Foi em São Paulo, maior centro urbano da América Latina, que Sá, Rodrix & Guarabyra conceberam o que será o primeiro disco de inéditas do trio desde 1973 (o mais recente lançamento de estúdio assinado apenas por Sá & Guarabyra data de 1997).

"Alugamos suítes em um hotel em São Paulo e lá fizemos o disco Amanhã, que vai ser lançado no mês que vem", adianta Sá. "Incluímos cordas e metais de verdade, com arranjos de Eduardo Souto Neto e Ruriá Duprat. As gravadoras queriam que a gente regravasse sucessos como Sobradinho ou Espanhola, mas isso seria reconhecer que nossa criatividade foi afetada pelo tempo. Para o bem ou para o mal, o álbum será um espelho do que somos hoje. Certamente vai ser classificado como um disco de rock rural, só que foi feito olhando a capital paulista do 10º andar de um hotel na Avenida 23 de Maio.

Os ares cosmopolitas da capital paulista, contudo, não direcionam integralmente a produção de Sá. Carioca radicado em Belo Horizonte, o cantor e compositor mantém-se fiel aos antigos ideais e critica o que considera uma excessiva urbanização da música atual.

"As safras recentes de compositores estão produzindo um negócio muito duro, muito concreto armado, muito asfalto", sentencia Sá. "Espero que as novas gerações possam ter atenção para um tipo de ideal que propomos em nossas músicas. Muita coisa dos hippies que foi desgastada pelo tempo ainda podem ser recicladas e revistas como novas expressões da espiritualidade humana, distantes de um materialismo excessivo".

Zé Geraldo também planeja um lançamento para 2009, quando celebra 30 anos de carreira. O autor do sucesso Cidadão vai regravar em estúdio novas versões de suas principais canções para uma caixa com três CDs, chamada Violões e versos.

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